Gaivota
De onde vens, noturna gaivota?
Porque volves enfim a esse cais?
Se aqui a noite é morta
e a lua não brilha jamais?
Tu que trazes nas asas o vento
e nos olhos a quebrada canoa,
por aqui não terás o alento,
a violência daqui te atordoa.
Ouves ao longe o brado de guerra?
É a vida na grande cidade
melhor fora não pousasses em terra
melhor fora no mar, tempestade.
Meia volta, de volta ao mar
meia volta, que a vida aqui arde
pois por lá tu terás o cantar
das sereias ao cair da tarde.
(Francisco Bezerra Tomaz)
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